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Publicado em 29 de Junho de 2022

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Eleições e Inteligência Artificial

Os métodos analíticos da “psychological operations” que deram origem a Cambridge Analytics são abrangentes, consistentes, isentos de emoção e parcialidade, por isso são tão poderosos.

Eles identificam o ponto ótimo para acelerar ou desacelerar oportunidades, otimizam custo, entendem profunda e adequadamente pessoas e suas motivações, entre outras questões relevantes. Se a captura de dados, uso das análises, apresentação de resultados e ações são realizados de forma inadequada, fica por conta da natureza humana, que em algumas situações, como se sabe, está orientada a benefícios próprios, mesmo sacrificando pessoas e verdades dos fatos. 


Este artigo analisa o voto no Brasil com técnicas de Inteligência Artificial - IA. Foram 6.240 zonas eleitorais e cerca de 107 milhões de votos de eleitores analisados, onde a ideia principal é mostrar o poder e a importância da IA para tratar de temas de diversas ordens de forma consistente, permitindo abordagens pertinentes e evolução contínua. Se os dados deste estudo forem associados a dados de educação, saúde, indicadores econômicos etc. será possível a descoberta de padrões que não são vistos a olho nu e a tomada de decisões relevantes para o país. Por trás dos padrões de votos estão pessoas, suas características, formas de pensar, desejos, necessidades, receios, motivações, problemas etc. Por isso que se pode entender muito do país a partir da extensão deste estudo.


Este artigo analisa o voto no Brasil com técnicas de Inteligência Artificial - IA. Foram 6.240 zonas eleitorais e cerca de 107 milhões de votos de eleitores analisados, onde a ideia principal é mostrar o poder e a importância da IA para tratar de temas de diversas ordens de forma consistente, permitindo abordagens pertinentes e evolução contínua. Se os dados deste estudo forem associados a dados de educação, saúde, indicadores econômicos etc. será possível a descoberta de padrões que não são vistos a olho nu e a tomada de decisões relevantes para o país. Por trás dos padrões de votos estão pessoas, suas características, formas de pensar, desejos, necessidades, receios, motivações, problemas etc. Por isso que se pode entender muito do país a partir da extensão deste estudo.


Analises táticas, entre outras opções.  

De acordo com o arquivo pesquisado, ao final do primeiro turno, a distribuição de votos ficou como abaixo.


Onde marcados de verde, aqueles que eram mais conhecidos no cenário presidencial pela população e, em azul, os menos conhecidos no cenário presidencial. As cores acima foram escolhidas por serem cores da bandeira nacional.  

Nota-se que há uma divisão tênue entre uma nova opção de governo versus a proposta anterior. Esta avaliação não tem intenção de ser pejorativa e é apartidária. As análises aqui visam buscar pontos de comparação para as análises que virão a seguir, com uso de IA.

As siglas acima significam:

  • PDT Partido Democrático Trabalhista
  • PT Partido dos Trabalhadores
  • MDB Movimento Democrático Brasileiro
  • PSTU Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
  • PSL Partido Social Liberal
  • REDE Rede Sustentabilidade
  • PODE Podemos
  • DC Democracia Cristã
  • NOVO Partido Novo
  • PSDB Partido da Social-Democracia Brasileira
  • PSOL Partido Socialismo e Liberdade
  • PATRI Patriota
  • PPL Partido Pátria Livre


Zona eleitoral, que é a informação granular estudada, é a região geograficamente delimitada dentro de uma unidade da Federação, gerenciada por um cartório eleitoral, que centraliza e coordena os eleitores ali domiciliados. Pode ser composta por mais de um município ou por parte dele. Normalmente, segue a divisão das circunscrições judiciárias sob a jurisdição de um ou mais juízes da Justiça Estadual.

A partir daqui, foram aplicados conhecimentos avançados em estatística, IA, ferramentas, modelagem de dados, além do uso de capacidade de processamento. O objetivo principal é identificação de padrões para melhor compreensão dos fatos. 

O roteiro da análise é:

  1. Seleção dos dados das zonas eleitorais do TSE
  2. Entendimento da modelagem dos dados e remodelagem para que os dados possam ser compreendidos pelos métodos empregados aqui. 
  3. Análise dos dados. Aqui há um processo intenso de conhecimento de IA para garantir imparcialidade na descoberta de padrões.


  1. Interpretação das análises pelos resultados dos números, índices e gráficos gerados na etapa anterior. Aqui seria interessante o aprofundamento com pesquisa e análise com psicometria e antropologia. 
  2. Criação de algoritmos
  3. Validação dos algoritmos
  4. Elaboração deste texto
  5. Criação de algoritmos
  6. Validação dos algoritmos
  7. Elaboração deste texto


80% do tempo foi utilizado nos passos 1 e 2. Modelagem de dados adequada é essencial num processo analítico. Não se deve economizar tempo aqui.  

No passo 3 ocorre um processo realizado por tecnologia, dados e métodos, que não deve ser ignorado por analistas e pessoas experientes do mercado. A experiência vale muito e a capacidade e visão analíticas também, mas pelo menos dois fatores levam a decisões erradas ou tendenciosas. A limitação do cérebro humano, que não é capaz de analisar grandes volumes de dados e variáveis com isenção, e a emoção, que reduz bom senso e espectro. 

O processo analítico, neste caso, ajudou a definir quantos grupos de zonas eleitorais existem, em termos de percentuais de votos nos candidatos, e a separá-las nestes grupos. Foram encontrados 3 tipos de zonas eleitorais, o que significa que mesmo em mais de seis mil zonas eleitorais, a votação se dividiu em 3 tipos de comportamentos, como será demonstrado a seguir. 

 

  1. Grupo 1: representando 86% das zonas eleitorais e 42% dos votos. Apesar de serem muitas zonas eleitorais, são zonas com menor número de votos em locais como Crixás do Tocantins, Uru - São Paulo, Serra da Saudade - Minas Gerais.

Aqui pode-se observar que são zonas onde os candidatos que polarizaram a disputa estavam bem próximo. Já se observarmos sob a ótica de todos os partidos, os partidos com maior protagonismo nas últimas décadas (verde) tinham a maioria, com 59%. 


Estas muitas zonas com o perfil percentual de voto como no quadro acima estavam distribuídas no Brasil todo, como pode ser visto no mapa abaixo, onde cada bolha representa o tamanho da zona eleitoral. Onde não se veem bolhas, é porque há muitas zonas se sobrepondo, mas interessante observar que este perfil de zona estava distribuído em todo o Brasil. 

Mapa

Descrição gerada automaticamente

Uma das belezas e grande oportunidade do uso da Inteligência Artificial está demonstrada no mapa a seguir. Ele também é referente ao grupo 1. De acordo com o estudo realizado, as zonas a seguir são as que melhor representam as zonas do mapa acima. Esse é um excelente caminho para realização de pesquisas com menor custo e maior assertividade, implementação de estratégias, planos de ação e análise de resultados. Seja qual for o tipo de trabalho, se um plano de ação utiliza as zonas a seguir com sucesso, estende-se o plano nas demais zonas com menor risco de erro. Claro em fases, garantindo melhor controle e evolução.


Mapa

Descrição gerada automaticamente


  1. Grupo 2: representando 3,2% das zonas e 18,5% dos votos. Aqui concentraram as zonas mais populosas do país, mostrando que 57% dos eleitores queriam mudança de padrão de governo e 43% preferia seguir com partidos mais protagonistas em eleições majoritárias anteriores. São zonas em locais como Rio de Janeiro – RJ, São Paulo - SP, Taubaté - SP, Manaus - AM, Belo Horizonte – MG, Santa Maria – RS e Barueri - SP. 


Da mesma forma, como no grupo anterior, a seguir as zonas que melhor representam este grupo e que devem ser utilizadas em processos de estratificação em pesquisas, análises estratégicas e/ou implementações de planos de ações. 



  1. Grupo 3: representam 11% das zonas eleitorais e 39,5% dos votos. O perfil da distribuição de votos dentro das zonas é muito semelhante ao grupo 2. O que difere os dois grupos é que as zonas do grupo 2 estão em locais 50% mais populosos que as do grupo 3. Em locais como Valença – BA, Barra Mansa – RJ, Eunápolis – BA, Sapiranga – RS, Petrolina – PE, Macaíba – RN, Parintins – AM, Paracatu – MG e Angra dos Reis – RJ, 58% dos eleitores queriam mudança de padrão de governo e 42% preferia seguir com partido mais protagonistas em eleições majoritárias anteriores.




O mapa a seguir mostra a localização das zonas. Trata-se de um maior número de zonas que no grupo anterior.


Já o mapa a seguir mostra as zonas que melhor representam este grupo que, portanto, são as zonas que devem ser utilizadas num estudo para otimização de resultados, conforme mencionado nos grupos anteriores.


A Inteligência Artificial ajuda na compreensão consistente de temas, na montagem de estratégias vencedoras, no desenvolvimento de diversas ordens, na manutenção da dinâmica de operações e em planos de ação avassaladores. A Inteligência Artificial, considerada a nova revolução industrial, tem a grande oportunidade de distribuição de riquezas.

Por fim, é uma tentação não falar de política, principalmente porque temos uma inversão do princípio da representação política no Brasil. Grande parcela da população brasileira representa incondicionalmente algum político e/ou partido e não o contrário, o que é muito grave. Quando uma população empodera pessoas acima do bem e do mal, ela deixa de enxergar a agenda positiva do país e passa a defender a agenda do político. É quando o político faz o que quer e o país anda de lado. 

A IA segue sendo discutida e acelerada em outras nações, com participação de governos, empresas e personalidades, visando desenvolvimento tecnológico, econômico e social. Seu papel na construção do futuro é imprescindível e o Brasil precisa ter uma agenda realizadora e inclusiva. A demora no desenvolvimento aumenta a distância econômica e competitiva para países que estão acelerando. Por isso a importância de se cobrar uma agenda do país, que evolua independente de político e políticas. 

A principal conclusão que se quer chamar atenção aqui é da importância da IA para o desenvolvimento do país e empresas de todos os segmentos e portes. Há uma urgência em estar posicionado, preparado e evoluído no tema de agora até 2030.






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Sobre o Autor

Ricardo Villaça

Ricardo Villaça

Chief Artificial Intelligence Officer

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